A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decide nesta terça-feira se o senador
afastado Aécio Neves (PSDB-MG) deve ser preso preventivamente. Composto pelos
ministros Luiz Fox, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Morais e
Marco Aurélio Mello, relator do inquérito que investiga o tucano no STF, o
colegiado analisará o pedido de prisão feito pelo procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, a partir das delações premiadas de executivos da JBS. Os ministros
também vão decidir sobre um recurso da defesa de Aécio que pede a derrubada da
decisão que o afastou do mandato no Senado.
Se
a maioria dos ministros da Primeira Turma do Supremo entender que o tucano deve
ser preso, o artigo 53 da Constituição prevê que a decisão final caberá ao
plenário do Senado, que terá 24 horas para deliberar se aceita ou não que Aécio
Neves vá para a cadeia.
Caso isso realmente
ocorra, será a segunda vez que os senadores se verão diante da possibilidade de
decidir sobre o encarceramento de um colega. A primeira foi em novembro de
2015, quando o STF determinou a prisão do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), acusado de tentar obstruir
as investigações da Lava Jato. Naquela ocasião, os senadores decidiram, por 59
votos a 13, manter Delcídio preso. Ele só deixou a prisão depois de fechar um
acordo de delação premiada com a PGR.
Na votação desta terça-feira na Primeira turma, o
ministro Luiz Fux deve ser o fiel da balança. Dois votos são considerados
certos pela prisão: os de Rosa e Barroso. Já Moraes e Marco Aurélio devem negar
o pedido feito por Janot. Os dois votaram, na semana passada, pela revogação da
prisão da irmã do tucano, a jornalista Andrea Neves.
Pela
ordem de votação (antiguidade na Turma), Fux será o último a votar, ou seja,
deverá se manifestar quando o placar estiver em 2 a 2 – antes, votam, nesta
ordem, Marco Aurélio Mello, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Rosa
Weber.
A
tendência hoje é que Luiz Fux – que votou pela manutenção da prisão de Andrea
Neves – rejeite o pedido de prisão, mas mantenha o afastamento de Aécio de suas
atividades no Senado. O colegiado também pode aprovar nesta terça-feira a
concessão de prisão domiciliar para a irmã de Aécio.
O que pesa contra Aécio
Aécio Neves é investigado no inquérito 4506 do STF
pelo crime de corrupção passiva e foi um dos alvos da Operação Patmos, que
prendeu Andrea Neves.
O senador
afastado foi gravado pelo delator Joesley Batista, dono do Grupo J&F, em
uma conversa em que pediu 2 milhões de reais ao empresário. O dinheiro seria
supostamente destinado ao pagamento de honorários do advogado do tucano,
Alberto Zacharias Toron, na Lava Jato.
“Se for você a pegar
em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança,
mando alguém da minha confiança”, sugeriu Joesley ao tucano. “Tem que ser um
que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu.
Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E
você vai me dar uma ajuda do caralho”, respondeu Aécio.
O
“Fred” a quem o senador mineiro se refere é Frederico Pacheco de Medeiros,
encarregado de pegar o dinheiro. Pacheco de Medeiros recebeu o valor,
fracionado em quatro parcelas de 500.000 reais, das mãos do diretor de relações
institucionais da JBS, Ricardo Saud.
A
PF filmou três das entregas de dinheiro na sede da empresa, na capital
paulista, também feitas por Saud. O primo de Aécio também foi preso na Patmos.
Aécio
denunciado
Além do pedido de
prisão preventiva de Aécio Neves, Rodrigo Janot denunciou o senador afastado ao Supremo pelos crimes de corrupção
passiva e obstrução de Justiça.
Além
de Aécio, também foram denunciados Andrea Neves; Frederico Pacheco de Medeiros;
e o advogado Mendherson Souza Lima, ex-assessor do senador Zezé Perrela
(PMDB-MG) — os três estão presos desde a deflagração da Operação Patmos na
semana retrasada.
Caso
o relator Marco Aurélio Mello aceite a denúncia de Janot, Aécio, Andrea,
Medeiros e Souza Lima se tornarão réus e serão julgados na Primeira Turma do
STF.
Fonte Veja.com
SÃO GONÇALO NEWS
Postar um comentário