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Em gravação,
dono da JBS relata ao presidente a tentativa de "segurar" juízes
encarregados de investigá-lo e revela pagamento de R$ 50 mil a procurador
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O Supremo
Tribunal Federal (STF) divulgou nesta quinta-feira (18) as gravações feitas
pelo empresário Joesley Batista, um dos controladores da J&F.
Os arquivos
de áudio mostram um diálogo entre o presidente Michel Temer e o executivo. Leiam:
A conversa de cerca de
30 minutos aconteceu no último dia 7 de março durante um encontro entre Joesley
e o presidente no Palácio do Jaburu, onde Temer mora.
Durante
a conversa, Joesley conversa com Temer sobre Eduardo Cunha. Segundo a versão
publicada no jornal O
Globo antes da
divulgação dos áudios, o empresário disse a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio
Funaro uma mesada na prisão para que ficassem calados. Diante da informação, o
presidente teria respondido: “Tem que manter isso, viu?”.
O
presidente nega que tenha feita essa solicitação.
Veja
a transcrição do momento em que esse assunto é tratado:
JOESLEY
BATISTA: Queria te ouvir um pouco, presidente. Como o senhor está nessa
situação toda aí, do Eduardo, não sei o quê …
MICHEL
TEMER: O Eduardo resolveu me fustigar. Você viu que …
JOESLEY
BATISTA: Eu não sei, como está a situação?
MICHEL
TEMER: Eu não tenho nada a ver com a defesa. O Moro indeferiu 21 perguntas
dele. Eu não tenho nada a ver com a defesa dele. Eu não fiz nada [inaudível] ..
no Supremo Tribunal Federal. Então, é só.
JOESLEY
BATISTA: Dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo, o que
tinha de alguma pendência daqui para ali, zerou tudo. E ele foi firme em cima e
já estava lá, veio, cobrou, tal, tal, tal. Pronto. Acelerei o passo e tirei da
fila. O único companheiro dele que está aqui, porque o Geddel sempre estava
[inaudível] Geddel é que andava sempre ali, mas o Geddel eu perdi o contato,
porque ele virou investigado e eu não posso também …
MICHEL
TEMER: É complicado
JOESLEY
BATISTA: … não posso encontrar ele.
MICHEL
TEMER: [inaudível]
JOESLEY
BATISTA:: O negócio dos vazamentos, [inaudível], o telefone do Eduardo com o
Geddel. Volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós, a não
sei o que. Eu tô lá me defendendo. Como é que eu dei mais ou menos dei conta de
fazer até agora: eu estou de bem com o Eduardo
MICHEL
TEMER: Tem que manter isso, viu.
JOESLEY
BATISTA: Tô segurando as pontas, tô indo. Nesse processo, eu tô meio enrolado.
É investigado, não tenho ainda a denúncia.
JOESLEY
BATISTA: Tô segurando as pontas, tô indo. Nesse processo, eu tô meio enrolado
no processo assim.
TEMER:
[inaudível]
JOESLEY
BATISTA: É investigado, não tenho ainda a denúncia. Eu dei conta de um lado o
juiz, dá uma segurada, do outro lado o juiz substituto que é um cara que ficou
…
TEMER:
Está segurando os dois …
JOESLEY:
É, estou segurando os dois. Então eu consegui dentro da força tarefa que também
tá me dando informação. E lá que eu estou para dar conta de trocar o procurador
que está atrás de mim. Se eu der conta, tem o lado bom e o lado ruim: o lado
bom é que dá uma esfriada até o outro chegar. O lado ruim é que se vem um cara
com raiva, que não sei o que…
TEMER: Mas
o que você está lá?
JOESLEY:
O que está me ajudando está bom, beleza. Agora, o principal que é um … tem um
que tá me investigando. Eu consegui colar um no grupo. Agora, eu tô tentando
trocar…
TEMER: O que tá…
JOESLEY:
Isso. Então, tá meio assim… Ele saiu de férias, até essa semana eu fiquei
preocupado que saiu um burburinho de que iam trocar ele, eu fiquei com medo. Tô
contando essa história só para dizer assim: eu tô me defendendo, me segurando.
Os dois lá tô mantendo, tudo bem. Mas o Geddel tava aqui, aquele negócio da
anistia e quase não deu.
TEMER:
Quase … [inaudível] mas se todos se reunirem e fizeram isso …
(…)
JOESLEY
BATISTA: Tô fazendo 50 mil por mês.
MICHEL
TEMER: Pro garoto.
JOESLEY BATISTA: Pro rapaz [inaudível] me dar informação,
pelo menos me dar informação.
(…)
JOESLEY
BATISTA: Como você está com o Henrique?
MICHEL
TEMER: A gente se dá muito bem. [Inaudível] Ele é bem tranquilo. Quer dizer,
ele concorda [Inaudível], ele faz o que eu estou pedindo muito bem.
JOESLEY
BATISTA: Ele é trabalhador?
MICHEL
TEMER: Ele é trabalhador. Nós todos, viu, Joesley? O que essa gente fez com o
Brasil…
JOESLEY
BATISTA: Nossa senhora, hein
MICHEL
TEMER: É inacreditável. Inacreditável. O Henrique vai muito bem comigo. Eu
chamo ele todo dia. [Inaudível]
JOESLEY
BATISTA: E ele gosta. Ele gosta de trabalhar. Você não chama ele para ir para a
praia. Se você for para a praia e chamar ele, iiiihh…
MICHEL
TEMER: Aí ele não tem graça.
JOESLEY
BATISTA: Agora, chama ele pra trabalhar. Eu tenho, e o Henrique é muito
disciplinado, lógico, tenho uma relação ótima com ele. Eu tive assim. Tá tudo
bem, tá tudo bem e tal. Eu não sei, vamos dizer assim, eu já andei falando com ele
sobre alguns assuntos.
MICHEL
TEMER: Sei
JOESLEY
BATISTA: Conhecendo ele, ele é…
MICHEL
TEMER: [Inaudível]
JOESLEY
BATISTA: É, pra caramba. Por exemplo. Um dia eu falei com ele. “Ô ministro, e o
negócio lá no BC como é que tá e tal?” Aí ele [faz uma voz estranha], “ah,
aquilo lá, o Ilan faz as coisas…”, e tira fora. “Não é você que manda nessa
merda?” “Ah, o Ilan lá…”
MICHEL
TEMER: É, ele [Inaudível] um pouco do Ilan pra ele.
JOESLEY BATISTA:
Então, é aí que eu quero… Um dia eu falei assim pra ele. “Henrique, precisa
mexer na Receita Federal, porra. O Rachid aí [Jorge Antonio Deher Rachid,
secretário da Receita Federal], tá tanto tempo aí. Vamos por um cara aí mais
dinâmico pá. Um monte de coisa pra mexer.” “Ixi, não, não não. Não posso
mexer.” Beleza. Não, beleza no planejamento. “Ah, mas foi você que colocou
a Maria Silvia [presidente do BNDES] lá!’, ele “não, não, mas isso é do Jucá…”
MICHEL
TEMER: [Inaudível] alguém ótimo, maravilhoso. Mas e se [inaudível] acertou e
tal [inaudível].
(…)
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SÃO GONÇALO DOS CAMPOS
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