Na gravação, que já conta com quase 300 mil visualizações apenas no Facebook, menina dança ao som da música "Eu Sei de Cor"
Um
vídeo compartilhado pelo médico Paulo Martins, residente de pediatria do
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, fez a
internet se encantar.
Na
gravação, que já conta com quase 300 mil visualizações apenas no Facebook, uma
menina com câncer dança ao som da música “Eu Sei de Cor”, cantada pelo
profissional de saúde e originalmente conhecida na voz da cantora sertaneja
Marilia Mendonça.
Martins
participa do projeto “Turma Sangue Bom”, que além de médicos do hospital, conta
com voluntários, e promove eventos em datas comemorativas no local. Após a
repercussão, o pediatra falou sobre a emoção em ajudar a criança a melhorar.
Leia
na íntegra o depoimento do médico:
“Nessa
vida, o importante é ser feliz. Um dia antes, na visita habitual da enfermaria,
vi que estávamos com muitos adolescentes internados e que eles sofriam com a
ociosidade da internação, além das dificuldades inerentes ao momento em que
passavam. Combinei com eles que no dia seguinte iria trazer o ukelele para
fazermos um som e desopilarmos um pouco. No dia seguinte, como prometido,
trouxe o instrumento. Aguardei o turno da tarde, onde as coisas pareciam estar
mais calmas, para fazer um tour musical pela enfermaria da oncologia.
Quando
peguei o ukelele, parece que foi mágico, nas duas horas subsequentes não houve
nenhuma intercorrência. Juntos a minhas parceiras inestimáveis, Laila Rigolin
Fortunato e Juliana Souza, começamos a tocar de quarto em quarto as músicas que
cada paciente pedia. Sertanejo, rock, música gospel. Sob a supervisão da nossa
enfermagem, íamos tocando duas, três músicas em cada quarto. Cada paciente
cantou a plenos pulmões, se emocionou, pediu mais.
Notei
que enquanto eu entrava nos quartos e tocava as músicas, havia uma pequenina
que me acompanhava dançando do lado de fora. Quando saí do último quarto, não
teve jeito, ela estava na porta me esperando, me olhando curiosa. Pediram,
“toca uma música para ela, Paulão!”. Inicialmente, fiquei envergonhado, pois não
sabia nenhuma música infantil. Mas o pai me acalmou, “ela gosta de Marília
Mendonça”. Não teve jeito. Comecei a tocar, baixinho, e na medida que os
acordes e a letra iam fluindo, seus passos magicais foram me acompanhando.
Dançou a música inteira. Terminei e me pediram outra. Medo Bobo. Toquei e ela
dançou divinamente bem. Ao término, só alegria. Todo mundo feliz, leve. Aquilo
se chamava Paz.
Hoje,
dias após, vejo que essa tarde, aparentemente tão simples, ganhou uma
repercussão que eu jamais imaginaria. Mensagens, ligações, apoio. Me lembrei de
todas as vezes em que meu jeito foi criticado, desde a graduação, até mesmo na
residência. Mas não há dúvidas: quando a gente faz o que gosta, do jeito que
gosta, dá certo. Nesta tarde, todos ganhamos. Na saudade intensa de casa e da
minha família, nos braços dos pacientes e dos seus familiares, recebo todo
afeto do mundo.
Agradeço
imensamente a toda a equipe multidisciplinar que trabalha na enfermaria do HC,
pessoas fantásticas, aos meus preceptores exemplares, aos meus amigos da
residência e, em especial, ao meu sexteto que está diariamente junto comigo
nessa batalha. Amar e se dedicar ao próximo jamais deve ser um fato único que
chame a atenção, tem de ser algo constante e rotineiro. As crianças precisam
disso! Nós que temos de levar alegria e boa energia nos lugares aonde vamos, e
jamais devemos nos abater com o mau humor, indiferença e tristeza que algumas
vezes tentam nos contaminar.
O
impossível é só questão de opinião. Avante!”
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