Petista dispensa José Roberto Batochio e outros três advogados
contrários à colaboração e negocia acordo com o MPF
O ex-ministro da
Fazenda e da Casa Civil Antônio Palocci decidiu negociar um
acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação
Lava Jato
e comunicou a decisão a seu advogado, o criminalista José
Roberto Batochio,
que defendeu o petista desde que ele foi preso e é contrário aos acordos de
delação firmados na Lava Jato. Palocci está detido na carceragem da Polícia
Federal em Curitiba desde setembro de 2016, quando foi deflagrada a Operação
Omertá,
35ª fase da operação.
A negociação
da delação premiada de Palocci será conduzida pelos advogados Adriano Bretas,
Tracy Reinaldeti, Matteus Beresa de Paula Macedo e André Luis Pontarolli, do
escritório Bretas Advogados, localizado na capital paranaense. A equipe de
Bretas havia sido contratada no final de abril pelo ex-ministro, mas acabou
dispensada uma semana depois. Com a decisão de Antonio Palocci de colaborar com
as investigações da Lava Jato, no entanto, os advogados, especialistas
delação premiada, foram recontratados.
Batochio, que também
defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva,
protocolou no final da tarde desta sexta-feira a renúncia à defesa de Palocci,
acompanhado pelos advogados Guilherme Octávio Batochio, Ricardo Toledo Santos
Filho e Leonardo Vinícios Batochio. Na petição encaminhada ao juiz federal Sergio
Moro,
os defensores dizem que “deixam o patrocínio da causa, tendo em vista
a mudança de orientação da defesa técnica por parte do constituinte”.
Logo
após a saída dos advogados liderados por José Roberto Batochio da causa,
Palocci oficializou Bretas, Reinaldeti, Macedo e Pontarolli como seus
advogados no autos. Os advogados Alessandro Silverio e Bruno Augusto
Gonçalves Vianna, que já integravam a defesa de Palocci, continuam no caso, ao
menos por enquanto.
Lava Jato, acusado em ambos dos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Um deles apura uma “
contracorrente da propina” mantida entre o
ex-ministro, o Partido dos Trabalhadores e a Odebrecht, que teria
recheado campanhas petistas em 2008 e 2012 com dinheiro desviado da
Petrobras. Palocci já foi ouvido pelo juiz federal nesta ação penal. Em sua
oitiva, o “italiano” das planilhas da empreiteira deixou
claro ao magistrado que colaboraria com as investigações
“Fico
à sua disposição. Todos os nomes que optei por não falar aqui por sensibilidade
da informação estão à sua disposição para o dia que o senhor quiser. E se o
senhor estiver com agenda muito ocupada e determinar uma pessoa, eu
imediatamente apresento todos esses fatos, com nome, endereço, operações
realizadas e coisas que certamente vão ser do interesse da Lava Jato, que
realiza uma investigação de importância”, afirmou o petista, acrescentando que
as informações podem abrir um “caminho” que pode render mais um ano de trabalho
a Moro. “Mas um trabalho que faz bem ao Brasil”, completou.
Na
outra ação penal em que figura no banco
dos réus, Palocci é acusado pelo Ministério Público Federal de intermediar
pagamentos de 13 milhões de reais em vantagens indevidas pela empreiteira ao
ex-presidente Lula.
Parte
do dinheiro, 12,4 milhões de reais, teria sido gasta na compra de um terreno
para abrigar a sede do Instituto Lula em São Paulo – o instituto acabou sendo
construído em outro endereço. Outros 504.000 reais teriam sido usados na compra
da cobertura contígua à de Lula no edifício Hill House, em São Bernardo do Campo
(SP). As duas compras teriam sido feitas por meio de laranjas. Moro iniciou as
oitivas de testemunhas neste processo nesta semana. Ainda não há previsão para
depoimento do ex-presidente.
Além dos processos a
que já responde na Justiça Federal, Antonio Palocci foi largamente citado nas
delações premiadas de executivos da Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, tornadas públicos ontem pelo
Supremo Tribunal Federal (STF).
Fonte Veja.com
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